Pílulas (Frase da Semana)

s vezes nossas escolhas erradas podem nos levar ao caminho certo."

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quintal

Agora a pouco eu tava lendo numa revista uma matéria sobre o "quintal". Isso mesmo, quintal... Sobre o quão importante e inesquecível é crescer com um quintal em casa. Todo aquele espaço, chão de terra, árvores e folhas espalhadas... Um pedacinho do campo ao alcance da porta dos fundos...


Eu tive um quintal, e me sinto afortunada por isso. E não era um quintalzinho qualquer. Era um "sr quintal"! Enorme, caberiam mais 3 casas iguais a minha no terreno! Um mundo inteiro para uma criança de 5 a 10 anos (é, depois dos 10, meu "mundo" passou a ser meu guarda roupa, que transformei no apartamento da barbie)! Ainda consigo me lembrar com exatidão cada cantinho dele, o montinho de areia no canto à direita, o monte de pedras no outro canto. Era minha fortaleza, castelo, montanha... dependendo do meu tamanho e do esforço p conseguir chegar ao topo sem provocar uma avalanche!

No meio, dois coqueiros, um ao lado do outro. Irmãos... Creio que quem os plantou sonhava com uma rede entre eles. Rede que nunca pôde ser colocada, pq o espaço entre os dois era mto grande. Mas perfeito p delimitar o palco "tropical", que com um pedestal de cabo de vassoura e tendo o sol como refletor, eu dava meus showzinhos para a platéia de bonecos de areia... O melhor era que de tempos em tempos, eu me fartava de raspar a "carninha" dos cocos depois que meu pai tirava a água e os abria pra mim. Sabe, aquele coco verde bem molinho, que parece uma pelinha branca? Nossa... Até nossa cadela, "Daxa" era viciada nessa "carninha"!

Além dos coqueiros, havia também um pé de "ata" (pro sul o povo chama de "pinha"), que minha mãe mesma plantou. Quanta expectativa, até vê-lo dar o 1º fruto! E quanta decepção quando descobrimos que aqueles seriam os últimos, depois que o pé foi atacado por pragas! E eu que pensava q essas coisas só aconteciam em lavouras...

Havia também um pé de limão (que nunca botou um limãozinho que preste!). Ele ja tava lá qdo chegamos, e permaneceu por muito tempo, na esperança de um dia minha mãe não precisar mais ir à feira comprar limão. Isso até ela descobrir, uns 7 anos depois, que aquela era uma espécie de laranja-da-terra que nunca botaria o tão esperado fruto!

Nesse presente de computadores, vedeogames e ipods, eu não tenho do que reclamar do meu passado de bola de gude (de borroca), amarelinha (com saquinho de suquinho (sacolé) cheio de terra p marcar as casas!), bolinhos de terra, comidinhas de mato, banho de mangueira, aventuras e excursões no quintal... não ha modernidade e tecnologia que pague a experiência de descobrir os mais variados bichinhos e insetos (adorava arrancar perninhas de formigas e enrrolar embuás), tocar naquelas folhinhas que se fecham, construir tendas de palmeiras... Brincar na terra, se lambuzar toda de lama, levar uma bronca por sujar a casa e saber que, no dia seguinte, aquele mundo ainda estaria lá, todinho meu!

Se há uma coisa que eu lamento é por não ter plantado mais árvores naquele terreno tão grande. Meu pai não deixou, dizia que um abacateiro, uma mangueira ou goiabeira levaria quase 10 anos pra crescer e começar a botar frutos e que, até isso acontecer, nós não estaríamos mais naquela casa.

Ele falou isso uns 20 anos antes da nossa mudança...

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