Pílulas (Frase da Semana)

s vezes nossas escolhas erradas podem nos levar ao caminho certo."

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tempo


As questões sobre “os poderes curativos do tempo” são tão antigas quanto a necessidade do homem de dar sentido, ou melhor, dar esperança ao sofrimento. “O tempo cura tudo”.
Diante do inevitável, joga-se toda a responsabilidade nesse “senhor sábio e generoso”, como se ele sozinho fosse capaz de curar todas as dores, sarar todas as feridas. Um erro. Um grande erro, colocar nossas esperanças somente “nele”.

O tempo não cura absolutamente nada. O tempo pode até anestesiar um pouco a dor, jogar o sofrimento para o subconsciente ou inconsciente, fazendo-nos crer que o problema foi superado. E isso não é de todo ruim. Quando tiramos a dor do foco principal, conseguimos analisar os fatos sob outros ângulos, outros aspectos. Criamos novas perspectivas. Conseguimos redimensionar sua importância e dar novos valores. Com isso a sensação da dor diminui. No entanto, basta um acontecimento qualquer para, de repente, fazer a dor antiga voltar à superfície. O tempo não cura nada, apenas desloca o incurável do centro das atenções.

Mas então, o que é o tempo, afinal?
Pra mim, ele é apenas um espaço onde a vida acontece. Nesse caso, é o espaço onde as mudanças ocorrem. Novos acontecimentos vão tomando parte, novas experiências vão se sobrepondo, substituindo velhas lembranças dolorosas. Voltamos a lugares marcados pela saudade, aceitamos ofertas outrora perdidas, tomamos a atitude certa depois de aprender com o erro. Como páginas em branco do nosso livro da vida, o tempo nos dá a oportunidade de escrever novas histórias a cada dia...

Mas, infelizmente, nós não somos donos do nosso próprio tempo e não está em nosso poder fazer com que tais oportunidades de mudança aconteçam. Tempo. É como seguir viagem numa estrada desconhecida, em que lindas paisagens e curvas perigosas surgem repentinamente. E se não paramos para abastecer naquele posto ou almoçar naquele restaurante que acaba de passar, ninguém sabe quando – e se – encontraremos outro nesse caminho. Permanecemos famintos – ou sozinhos, ou frustrados, ou culpados – não sabemos por quanto tempo, até que a oportunidade de mudança chegue até nós novamente.
A cura, nesse caso, está em sermos ágeis o bastante para reconhecer a chance que o tempo descortina em nossa frente e então transformar nosso infortúnio em realização. Esse é o trabalho do tempo. Somente esse.

“Somos impotentes pra voltar um minuto no nosso tempo, mas somos capazes de fazer com que o próximo seja melhor que o anterior.”


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