Fui questionada certa vez (há muito tempo atrás) se era possível alguém sentir falta de algo que nunca teve. Fiquei sem resposta na ocasião. No auge dos meus 13, 14 anos, eu ainda não tinha vivido o suficiente pra ter uma resposta à altura da provocação. Calada estava, calada fiquei.
Agora sinto-me no direito de resposta. Hoje posso afirmar, com toda convicção que, sim, é possível. Tolice acreditar que podemos passar incólumes por todas as coisas que não vivemos, não conhecemos, não experimentamos e ainda assim, passar o resto da vida satisfeitos com isso.
Eu sinto falta de muitas coisas.
Geralmente convivo bem com essas “perdas”, mas vez em quando uma saudade chega, sorrateira, me lembrando das coisas que “poderiam ter sido mas não foram”. Os lugares que não nunca visitei, os livros que não li, coisas que não tive. As palavras não ditas, as decisões adiadas, as atitudes que não foram tomadas, os carinhos que não recebi, os beijos que não dei, os momentos que não vivi, aquilo que eu nunca consegui ser. Ficam todos martelando, um a um, como um Déjàvù. Todas as coisas que eu fiz, senti e vivi somente nas lembranças de um passado que nunca existiu...
Bom, numa perspectiva mais pessimista, eu posso passar muito tempo ainda me lamentando de tudo isso. Mas, na melhor das hipóteses - e graças a Deus a mais provável nesse momento - é q agora eu sei o tanto de coisas que tenho ainda a fazer, a buscar, a construir. Na visão mais otimista, posso olhar para trás e ver que tenho muito trabalho ainda pela frente. Tantas perdas, desilusões e frustrações têm que ser úteis pra alguma coisa, não?
“A vida continua sempre em frente, mas é nosso passado que modela quem somos hoje.”
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