Pílulas (Frase da Semana)

s vezes nossas escolhas erradas podem nos levar ao caminho certo."

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Escolhas II




Da série “coisas que não nos ensinam sobre a vida”, hoje quero falar mais um pouco sobre nossas escolhas, e onde elas deveriam nos levar.
Todo mundo tem um sonho. Não precisa ser grandioso. Pode ser um desejo bem simples, uma profissão, um determinado tipo de casa, um estilo de vida. Todos têm uma idéia de onde querem estar daqui a 20, 40 ou 60 anos. E alcançar esse alvo seria de certa forma algo muito simples, quase óbvio; se eu tenho um objetivo na vida, ou um sonho, devo fazer um plano para realizá-lo e, a partir daí, fazer escolhas que me levem até a concretização deste. Tão fácil, não é? Sem mistério...
Mas não é o que fazemos. Pelo contrário, nós andamos como cegos, dizendo ‘sim’ ou ‘não’ para todas as oportunidades que surgem na nossa frente, na esperança de que ‘o destino nos leve até lá’ milagrosamente. Mudamos de planos cada vez que uma porta se fecha ou outra se abre, inventamos novos sonhos cada vez que as circunstâncias mudam. Vamos nos adaptando às mudanças sutilmente. Ou não.
Mas aí o tempo, implacável, vai passando e então nos damos conta – por vezes tarde demais – de que tomamos um caminho tão contrário ao que queríamos, que melhor seria escolher outro sonho para não ter que lamentar a perda, ou para tentar ser feliz assim mesmo. E aí como consolo, dizemos que foi ‘vontade de Deus’. Podemos realmente nos conformar ou esperar, acreditar que ‘se for para ser, a vida nos levará até lá’. Mas não sei se é bem assim que funciona. Certamente não tem funcionado comigo.
É verdade que muitas vezes o resultado é muito melhor do que o esperado. Um futuro do qual nem poderíamos imaginar pode acontecer mesmo. Mas confiar nisso é uma escolha arriscada. Muito além de sorte e acaso, são as escolhas certas – e tomadas racionalmente – que podem aumentar as nossas chances de termos a vida que desejamos. E essa verdade, infelizmente não nos é devidamente ensinada no início da vida, quando temos todas as possibilidades ao nosso alcance. A consciência de que somos responsáveis por nossas vidas, por nosso destino.
O Senhor nos dirige os passos. Mas não anda em nosso lugar.
Deus nos fez com capacidade de raciocínio, consciência, discernimento, livre-arbítrio. Devemos usá-los. Você pode acreditar em destino, ou vontade de Deus, e eu não contesto isso. É possível realmente que todos os caminhos levem a um só lugar, o que ‘era para ser’ ou que ‘estava escrito’. Mas ter consciência do caminho a tomar nos permite chegar ao alvo dando menos voltas, menos tropeços e, perdendo menos tempo corrigindo erros, começando e recomeçando, podemos desfrutar a recompensa por muito mais tempo.


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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Moving Forward (FF)



“Costumam-se tirar fotos de escaladores no topo da montanha. Nessas fotos eles estão sempre sorrindo, estáticos. Triunfantes. Mas ninguém tira fotos durante o trajeto. Ninguém quer se lembrar do resto. Nós nos esforçamos porque precisamos, não porque gostamos.
A subida cruel, a dor e a angústia de se esforçar mais, de subir mais um pouco, disso ninguém tira foto. Ninguém quer se lembrar disso. Porque só queremos lembrar a vista do topo. O momento de tirar o fôlego, no topo do mundo. É isso que nos mantém escalando. E isso vale a dor. Essa é a maluquice. Faz tudo valer a pena.” (Meredith Grey, em ‘Grey’s Anatomy’)

Na faculdade, nas aulas de filosofia (que eu detestava) eu aprendi um conceito novo pra mim, a chamada Física Quântica. Não me perguntem o que é ou como explicar, porque eu não sei nada. A única coisa que eu consegui reter de toda a aula, é que a física quântica não leva em consideração o trajeto, a história, mas só o ponto final, o resultado. É como assistir a primeira cena de um filme e logo pular para a última, quando tudo está resolvido e o objetivo alcançado.
Nem sei se essa é a definição correta da física quântica (provavelmente não! rs), mas eu sempre pensei muito sobre isso. Em como costumamos usar exemplos de vida para justificar o nosso esforço, como alvo a ser alcançado.
“Fulano de tal nasceu pobre e hoje é um advogado muito famoso.”
“Fulana passou por algumas desilusões amorosas, mas conheceu alguém maravilhoso e agora está muito bem casada.”
“Não-sei-quem está curado do câncer, agora está tudo bem com ele.”
“Ela sabe dar ótimos conselhos, é uma pessoa muito sábia.”

Todo mundo enaltece os resultados, mas ninguém menciona o caminho percorrido para que essas pessoas chegassem lá. Todo o sofrimento, o esforço, as lutas que enfrentaram. As perdas, as humilhações, o choro, a dor... as negativas, os fracassos, a vontade de desistir de tudo. A impaciência da demora, sensação de que a espera não vai terminar nunca. O vazio. E tudo sem nenhuma garantia. Disso ninguém fala. Está certo que devemos focar o alvo e seguir em frente, isso é inquestionável. Mas quando somos nós que estamos passando pelo vale, é muito difícil acreditar há uma saída, pois não somos ensinados a percorrer o caminho, lidar com as dificuldades. O preço que deve ser pago.
Então nessa hora o que sentimos é um desejo incontrolável de voar. Saltar no tempo, e chegar logo ao topo. De fechar os olhos e, num passe de mágica, estar naquele lugar, onde todos os problemas estão resolvidos, os sonhos alcançados, e sentir no rosto a brisa fresca do sucesso. De se encontrar lá na frente e olhando para trás – para o hoje – e vendo que valeu a pena. E é lá que descobrimos então, que na vida nós não somos apenas escaladores.
Somos equilibristas.



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