Acredito realmente que não.
Muito se fala sobre o perdão, mas o que eu
percebi é que se falam sempre as mesmas coisas. Sobre o mandamento de Jesus
(“70 vezes 7”), sobre o perdão divino (os pecados que são jogados no “mar do
esquecimento”), sobre a importância desse para a saúde mental e espiritual do
homem “de bem”. Mas vejo que pouco se fala do perdão na prática, no dia-a-dia
mesmo, como ele realmente é. E o que realmente é.
Na minha humilde visão, Perdoar é uma
ESCOLHA. É, mesmo diante do ressentimento, da decepção ou até mesmo da raiva,
DECIDIR passar por cima de tudo isso, e seguir adiante como se esses
sentimentos não houvessem presentes, até que, com o passar do tempo e
naturalmente, eles de fato não existam mesmo. É reconhecer o outro como um ser
humano passível de erros, tanto quanto você é.
Perdoar é AÇÃO. É agir para com o ofensor
como se não houvesse havido ofensa. É ter a atitude de não retribuir o mal que
foi feito, abrir mão da justiça própria e até mesmo da recompensa. É permitir
espaço para que a confiança seja restabelecida. É dar uma nova chance, o
primeiro passo de um novo caminho a ser trilhado.
Mas Perdoar, diferente do que muitos
acreditam, não apaga o mal que foi feito nem muda a história, uma vez que
ninguém tem poder pra isso. Perdoar não muda sentimentos nem apaga as
conseqüências dos erros, tampouco transforma pessoas más em boas,
instantaneamente. Perdão também não é um sentimento. Não é uma sensação, nem
uma palavrinha mágica. E Perdoar não é confiar. Confiança é algo que precisa
ser construído, e, no caso do perdão, reconstruído.
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